Padre
Tortulho, o senhor não passa de um kardecista da treta, uma estrumeira de
ilusões, um bandulho de flatulências malcheirosas. Sorva rapidamente caudais de
infusões carminativas para expulsar essa purulência que lhe estupidifica o
cérebro e o faz indigno de ser gente.
Sim,
vossemecê deve andar possuído pelos espíritos daquelas raparigas irmãs que, há
quase cento e setenta anos, espalharam a maluqueira espírita pela crendice
americana, só por dizerem que ouviam estalidos e portas a ranger e viam os móveis
a passear pela casa. Grande coisa! A minha prima Genoveva também assistiu a
fenómenos semelhantes: começou a ouvir ruídos inusitados às seis da manhã,
levantou-se para averiguar a origem e, quando deu por ela, estava amarradinha a
uma cadeira e amordaçada, a ver passar todos os bens que tinha acumulado em
casa. Mas não foram os espíritos, não, foram os irmãos Gadunhas, acabadinhos de
sair da prisão do Linhó. Quando eu tinha dez anos, talvez por ler muitos livros,
também imaginava imensas cenas dignas de um filme: pardais a falarem comigo,
Deus a olhar comovido para mim, um ladrão debaixo da minha cama, o conde Drácula
a entrar pela janela para me sugar o sangue, as nuvens a perseguirem-me pelo
céu transformadas em lobos, as meninas da minha aldeia a levantarem a saia e a
dizerem que o pipi delas era meu para toda a vida… Mas sempre que eu contei
isto a alguém não me deram importância. Felizes foram as crianças americanas e
os pastorinhos de Fátima!
O
seu guia espiritual, por aquilo que vejo no facebook, deve ser o Alan Kardec,
que na verdade não tinha este nome mas se chamava Cavalo de Pedra, tudo junto e
em grego. Um francês de Lyon que não tem adeptos no seu país mas é idolatrado
por milhões no Brasil. Sempre pensei que existia um conluio mascarado entre o
Vaticano e o Kardec e alguns indícios começam a ser muito fortes. Dou aqui um
exemplo: o atual papa chama-se Francisco e o líder kardecista mais importante
do mundo, também, foi o Chico Xavier, um homem de Minas Gerais que tomava o
pequeno-almoço a tratar de negócios com centenas de espíritos.
Devo
dizer, no entanto, que ainda não entendi quem é o IKEA. Pelo que li no seu
facebook, que o senhor não assume porque quer continuar a enganar as pessoas, é
o Infinito Krill Espiritual do Amor. Uma espécie de analogia com o alimento
básico dos mares e das grandes criaturas. O krill
espiritual prolifera no mundo, seduz os homens de boa vontade e aperfeiçoa-lhes
a alma para eles se integrarem no absoluto. No entanto, na mensagem ameaçadora que
me dirigiu fala dele como um chefe alien, que comanda os ellogs para fazerem
javardice com os humanos e procriarem. Isso já não é propriamente kardecista. Tenha
cuidado! Por esse andar vai ter de se esconder do Papa e do Chico Xavier
(do espírito, claro, porque o desgraçado faleceu).
Sabe,
ando aqui a pensar que talvez o senhor não seja padre nem kardecista, talvez
seja apenas maluco e assassino. Por isso baralha os nomes! Falou comigo a dizer
que tenho premonições, mas devia estar a pensar noutra pessoa, talvez num dos
seus apaniguados, como o Davoud, o iraniano que afinal é português nascido em
França. Eu não sou o Davoud, sou o Francisco, o amigo do Silveira, e espero que
o Bispo descubra tudo aquilo que você anda a fazer e o excomungue, enviando-o para
os quintos do inferno.
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